segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Força da Fantasia!


A Renascença colocou o homem no centro do universo. Você lembra disso? O Iluminismo tornou o homem independente, “iluminado” , e também o desorientou.

No que resultou isso, foram as novas e inspiradoras ofertas de orientação para a vida, as quais, dizem o que devemos fazer para evitar medos (seguro de vida, cercas elétricas), incertezas e insuficiência ( cirurgias plásticas e aquisições inúteis), além de outras coisas, elas oferecem a receita da felicidade plena, “ aqui e agora”, na “ terra”.

Quando o Iluminismo tornou o homem auto-suficiente, acabamos por criar deuses dentro de nós, consequentemente, um mundo terreno onde a harmonia, a ordem, a paz e a felicidade podem ser alcançadas , entretanto ficamos desprotegidos, pois, este mundo que criamos se transformou, e sempre continuará o processo de mudanças.

Aí entra a força da fantasia dos pregadores da auto-ajuda, com a insolência inabalável de seus posicionamentos e pelo seu discurso atrativo, que acabam por sugestionar as pessoas na direção de um ideal soberbo pelo ânimo provocado. A imaginação fica ativa, o estado de espírito é outro, raciocínio excitado, criativo e então as dúvidas desaparecem, o sentimento que surge é de prazer e determinação, sem dúvidas as pessoas ficam cheias de avidez , procuram alcançar suas metas – que um dia antes escreveram num caderninho qualquer – e esquecem que vivem num coletivo, que não é só , e que sim, existem percalços no caminho e centenas de outras pessoas ao seu redor que de alguma forma, irão influenciar na conquista de seus objetivos.

Isto é o Discurso da Auto-Ajuda, com milhares de livros vendidos, gurus e imagens com pessoas sorridentes exibindo suas conquistas como se enfim, tivessem saído da crise de identidade em que se encontra a humanidade. Se estou sendo negativista? Não, meu intuito com este texto é despertar as mentes para um discurso mentiroso – a Ilusão no discurso da auto-ajuda – de grandes habilidades persuasivas e sedutoras.

Os autores destes livros afirmam, sem hesitar, que através da leitura, “ aprenderá a usar os meios infalíveis e fáceis para chegar lá. Você vai aprender [diz o autor] a usar o poder infinito de sua mente, poder este que lhe alcançará tudo aquilo que você deseja”.

Lembra de O Segredo? Ele até sugeria colar um cheque preenchido com a quantia desejada atrás da porta, e sim, prometia que o valor viria até você. Apenas com a força do pensamento! Do teu pensamento! Perdoem-me os adoradores de O Segredo, mas vocês conseguiram enriquecer só os editores e a escritora dele.

A auto-ajuda vende ilusões, não esclarece nada, porque não se aprofunda, seduz, te empurra para um jogo de aparências, usa palavras bem escolhidas, fórmulas chocantes, frases bem equilibradas, sorrisos aliciadores, banalizam os problemas – daí minha maior indignação – sem provocar descontentamento em nenhum leitor. Afinal de contas, quem quer ler sobre dúvidas, dificuldades neste mundo tão desprovido de segurança e certezas de “ quem sou eu “.

Estes autores são especialistas em escrever frases maravilhosas, fascinantes e repetitivas, dizendo somente aquilo que os homens precisam e desejam ouvir.

De alguma forma a auto-ajuda ligou a felicidade ao consumo. Ou seja, você será feliz quando tiver em tuas mãos o objeto do teu desejo.

Sobre tudo o que escrevi neste texto está ligado á um mundo terreno , onde tudo acaba, morre, se desintegra. Mas e se não for assim, e se houver um depois, um “post mortem”, e se felicidade plena, não é só “ aqui e agora”, na “ terra” ?

Você já pensou nisso?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A ilusão da igualdade

Todos que já passaram pelo ensino médio estudaram os ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade.

A liberdade existe conscientemente ou não; fomos criados com livre arbitrio sobre todas as coisas. Temos até a liberdade de se rebelar contra um regime, uma cultura, uma política, sem esquecer do custo que ela tem, obviamente.

A fraternidade chega a ser uma lei moral, não do próprio ser humano, porque ao contrário dos antiteistas, acredito que apenas um legislador supremo poderia ser o causador dessa moral, portanto lutar por ela, para que ela subsista é quase um paradoxo. Fraternidade deve existir mesmo que não sejamos iguais. A Fraternidade pode e deve existir na desigualdade.

Então temos a liberdade, independente do regime político e podemos ser fraternos mesmo na desigualdade. E é aí que chegamos na ilusão da igualdade. Originalmente, durante os anos da Revolução Francesa, não se contemplava a idéia de que todos somos iguais, mas a de que nascemos com direitos iguais. No século XIX, essa idéia mudou, começou-se a crer na idéia de que todos somos iguais e, por causa disso em certa medida, todos merecemos materialmente as mesmas coisas.

Entretanto, contra esse raciocínio há um fato muito claro: as pessoas são diferentes. Existem homens e mulheres, pessoas com cabelo liso e ondulado, pessoas com talentos artísticos, esportivos e intelectuais. E isso é dado, tendo cada indivíduo de conviver e aproveitar suas características. Logo, é totalmente irracional qualquer indignação a afirmações do tipo “ ele pode, eu também posso “.

Além disso, tratar diferenças como aspectos negativos e esforçar-se para dirimi-las é falacioso. Sob o ponto de vista da eficiência econômica, por exemplo, a igualdade é péssima. Em um mundo onde todos têm a mesma produtividade, não existem incentivos a trocar ou a dividir trabalho, atos que historicamente permitiram um aumento brutal na produção agregada da humanidade.

Por fim, é importante mostrar como a igualdade de direitos e a igualdade material são objetivos contraditórios. Meus direitos são os mesmos do meu vizinho, mas meu salário é diferente do dele! Suponhamos que o Estado se incumba de igualar materialmente todos seus cidadãos. Para tanto, ele deverá tomar de alguns e repassar a outros. Percebe-se que nesse caso o “grande irmão” deixa de tratar todos seus cidadãos imparcial e igualitariamente.

As promessas políticas , grandes campanhas de marketing, visando um final feliz para a humanidade, onde haverá paz e total ordem monetária, é ilusão.

Inúmeros livros de auto-ajuda vendem milhões de exemplares sugerindo respostas : “ você tem o poder “ , “ como influenciar pessoas e conseguir delas o que você quiser” , e tantas outras promessas. Tudo em nome da igualdade; em nome de você ser igual àquela pessoa de sucesso que aparece na TV.

Só existe uma esfera em que todos somos iguais e nela, de acordo com nossas ações iremos receber o prêmio. A Terra não é o fim em si mesma. Existe um lugar onde não seremos medidos pelos bens que possuímos ou da família que descendemos. E isso é onde podemos chegar mais próximo do significado de igualdade.

Casamentos arranjados !

O romance foi capitalizado. Grande parte do nosso PIB depende dele. Nas artes, ele domina: tente encontrar uma canção que não trate do amor. Na área editorial, os romances góticos vendem mais que qualquer outra obra. Sem esquecer das novelas ou comédias ; existe algum sem um romance ardente no enredo? A moda, as jóias e cosméticos nos tentam aperfeiçoar as técnicas de atração entre homens e mulheres. Tudo para que encontremos, persigamos e conquistemos o amor ideal; aquele com final feliz.

Por mais comum e notório que isso seja, ainda existem casamentos feitos entre homens e mulheres que jamais sentiram qualquer pontada de amor romântico, como os adolescente em grande parte da África e Ásia que tem como certa, a noção de casamentos arranjados pelos pais e não todo esse enredo de conquista e paixão como nós.

Nas culturas ocidentais as pessoas se casam porque sentem atração pelas qualidades agradáveis do outro: sorriso aberto, espirituosidade, aparência bonita, habilidade atlética, bom humor, charme. Com o passar do tempo, estas qualidades se alteram. Especialmente os atributos físicos irão deteriorar–se com a idade. Enquanto isso, podem aparecer surpresas: desleixo no cuidado com a casa, tendência à depressão, problemas sexuais.

Ao contrário de tudo isso, os companheiros em um casamento arranjado não baseiam o relacionamento na atração mútua. Ao ser informada da decisão dos pais, a pessoa aceita que viverá muitos anos com alguém a quem mal conhece. Assim, a questão deixa de ser "Com quem me devo casar?" e passa para "Que tipo de casamento eu e este meu companheiro construiremos?"

Não estou sugerindo que o modo arranjado seja o correto ou errado, mas acredito mesmo que a idéia de romance ocidental é muito fraca para constituir estabilidade familiar. Pensando nisso, comecei a ver como o “ espírito dos casamentos arranjados” poderia transformar outras atitudes em nossas vidas., inclusive na forma como as pessoas se relacionam com Deus ( ou para quem não é cristão, com seu deus ).

Algumas pessoas aproximam–se da fé basicamente como uma solução para seus problemas, e escolhem Deus assim como escolhem o cônjuge, procurando as qualidades agradáveis. Sua expectativa é a de que Deus sempre lhes trará dias bons. Dão o dízimo porque receberão de volta dez vezes mais. Tentam levar uma vida reta porque acreditam que Ele lhes dará prosperidade. Interpretam a frase "Jesus é a resposta" em seu sentido mais literal e inclusivo: a resposta para o desemprego, um filho com problemas mentais, um casamento em ruínas, uma perna amputada, um rosto feio etc. Contam como certo que Deus interferirá em seu favor; providenciando um emprego; curando o filho, a perna e o rosto feio e colando de volta os pedaços do casamento partido.Somos como artistas que receberam a incumbência de construir nossa vida, a partir de uma massa sem forma de matéria–prima. Uns são feios, outros bonitos. Há os brilhantes, os profundos, os charmosos e os envergonhados. Deus não promete resolver todos os nossos "problemas", pelo menos não como gostaríamos de que fossem solucionados. Pelo contrário: chama–nos para confiar nEle, e para permanecer fieis, quer sejamos brasileiros ricos ou sudaneses aprisionados. Sobre este aspecto, precisamos do "espírito dos casamentos arranjados" em nosso relacionamento com Deus. Ele me criou como sou: com meus traços fisionômicos particulares, minhas dificuldades e limitações, meu corpo, minha capacidade mental. Posso passar toda a vida ressentido com uma característica ou outra, e pedindo a Deus que mude minha "matéria–prima". Ou posso aceitar–me como sou, humildemente, com as falhas e tudo mais, como a matéria–prima com a qual Deus pode trabalhar.

Não faço uma lista de exigências que precisam ser atendidas para que eu aceite firmar um compromisso. Como a mulher de um casamento arranjado, comprometo–me, apesar do que acontecerá no futuro, sem ter certeza do que está por vir. E felizmente o casamento arranjado funciona nos dois sentidos : o marido também firma compromisso, assim como Deus que me aceita não com base em meu desempenho, mas porque Ele tem um compromisso comigo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Em resposta...

Escrevi esse post em resposta à um e-mail que recebi , acusando Dilma e Lula de serem culpados pela morte de um policial no dia de 26 de junho de 1968. Um e-mail fajuto, com um texto tosco e mal feito.
E o que mais me impressiona é ter gente que ainda encaminha certas coisas pra gente.
Enfim, ai está.


No dia 26 de Junho de 1968, aconteceu a passeata dos 100 mil e não um atentado vil e terrorista como sugere o e-mail me enviado em questão.
O mais importante protesto com a ditadura militar ocorrida até então. Dela participaram grande número de estudantes, intelectuais, padres e grande números de mães. Dezenas de pessoas que são grandes nomes da nossa sociedade hoje, jogaram " bombas " naquele período.
Desde 67, o movimento estudantil tornou-se a principal forma de oposição ao regime militar. Nos primeiros meses de 68, várias manifestações tinham sido reprimidas com violência. O movimento estudantil manifestava-se não apenas contra a ditadura, mas também à política educacional do governo, que revelava uma tendência à privatização. A política de privatização tinha dois sentidos: era o estabelecimento do ensino pago (principalmente no nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão de obra especializada). Essas expectativas correspondiam a forte influência norte-americana exercida através de técnicos da USAID que atuavam junto ao MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira. As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano.
Prisões e arbitrariedade eram as marcas da ação do governo em relação aos protestos dos estudantes, e essa repressão atingiu seu apogeu no final de março com a invasão do restaurante universitário "calabouço", onde foi morto Edson Luís, de 17 anos. Desse fato alguém se lembra?!
PArece que não. E sinceramente - entendam que não defendo a Dilma ou Lula - duvido muito que o autor desse texto fajuto tenha o ônus da prova contra os que " jogaram bomba " em quer que seja.
Cuidemos para não cair na pseudo-intelectualidade. Intelectual mesmo é aquele que conhece a fonte. E sabe da sua veracidade.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Minha felicidade tem preço !

O real esvaziou-se de importância: não interessa se você tem dinheiro, cultura, sucesso. Interessa, isso sim, se aparenta ter. Cada vez mais gente leiloa a individualidade pela aprovação dos outros e se torna um clone fajuto de seres pré-aprovados pela platéia ou uma versão mentirosamente melhorada de si mesmo: por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento. Não vejo problema algum em acertar um nariz torto, levantar peitos caídos. O que me amedronta é essa insanidade que leva a um tipo inédito e estúpido de mutilação, a mutilação pró-fama. O que são dores, anestesia, o período angustiante de recuperação perante a cara de espanto dos amigos, o despeito das amigas, os futuros flashes? Nem para os índios na época do descobrimento o espelho era tão fascinante. Eles trocavam um ouro para ter um pedaço de si refletido. Hoje em dia, troca-se de rosto, de corpo, por elogios, muitas vezes fajutos.

Jamais fomos tão carentes de aceitação. Nunca fomos tão egocêntricos.

As débeis que vendem até a alma para ter a bocona da Angelina Jolie ou a cintura da Halle Barry deveriam saber que a primeira se divorciou porque o marido transava até com a fruteira, e a segunda vive sozinha porque não controla o próprio ciúme. Ter dimensões e formas idealizadas não livra ninguém da infelicidade—apenas o transforma num infeliz bonito na foto.


Por favor gente, cuidar só da carcaça não. Isso faz parecer que você é feliz demais. E isso não engana por muito tempo.

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