O romance foi capitalizado. Grande parte do nosso PIB depende dele. Nas artes, ele domina: tente encontrar uma canção que não trate do amor. Na área editorial, os romances góticos vendem mais que qualquer outra obra. Sem esquecer das novelas ou comédias ; existe algum sem um romance ardente no enredo? A moda, as jóias e cosméticos nos tentam aperfeiçoar as técnicas de atração entre homens e mulheres. Tudo para que encontremos, persigamos e conquistemos o amor ideal; aquele com final feliz.
Por mais comum e notório que isso seja, ainda existem casamentos feitos entre homens e mulheres que jamais sentiram qualquer pontada de amor romântico, como os adolescente em grande parte da África e Ásia que tem como certa, a noção de casamentos arranjados pelos pais e não todo esse enredo de conquista e paixão como nós.
Ao contrário de tudo isso, os companheiros em um casamento arranjado não baseiam o relacionamento na atração mútua. Ao ser informada da decisão dos pais, a pessoa aceita que viverá muitos anos com alguém a quem mal conhece. Assim, a questão deixa de ser "Com quem me devo casar?" e passa para "Que tipo de casamento eu e este meu companheiro construiremos?"
Não estou sugerindo que o modo arranjado seja o correto ou errado, mas acredito mesmo que a idéia de romance ocidental é muito fraca para constituir estabilidade familiar. Pensando nisso, comecei a ver como o “ espírito dos casamentos arranjados” poderia transformar outras atitudes em nossas vidas., inclusive na forma como as pessoas se relacionam com Deus ( ou para quem não é cristão, com seu deus ).
Algumas pessoas aproximam–se da fé basicamente como uma solução para seus problemas, e escolhem Deus assim como escolhem o cônjuge, procurando as qualidades agradáveis. Sua expectativa é a de que Deus sempre lhes trará dias bons. Dão o dízimo porque receberão de volta dez vezes mais. Tentam levar uma vida reta porque acreditam que Ele lhes dará prosperidade. Interpretam a frase "Jesus é a resposta" em seu sentido mais literal e inclusivo: a resposta para o desemprego, um filho com problemas mentais, um casamento em ruínas, uma perna amputada, um rosto feio etc. Contam como certo que Deus interferirá em seu favor; providenciando um emprego; curando o filho, a perna e o rosto feio e colando de volta os pedaços do casamento partido.Somos como artistas que receberam a incumbência de construir nossa vida, a partir de uma massa sem forma de matéria–prima. Uns são feios, outros bonitos. Há os brilhantes, os profundos, os charmosos e os envergonhados. Deus não promete resolver todos os nossos "problemas", pelo menos não como gostaríamos de que fossem solucionados. Pelo contrário: chama–nos para confiar nEle, e para permanecer fieis, quer sejamos brasileiros ricos ou sudaneses aprisionados. Sobre este aspecto, precisamos do "espírito dos casamentos arranjados" em nosso relacionamento com Deus. Ele me criou como sou: com meus traços fisionômicos particulares, minhas dificuldades e limitações, meu corpo, minha capacidade mental. Posso passar toda a vida ressentido com uma característica ou outra, e pedindo a Deus que mude minha "matéria–prima". Ou posso aceitar–me como sou, humildemente, com as falhas e tudo mais, como a matéria–prima com a qual Deus pode trabalhar.
Não faço uma lista de exigências que precisam ser atendidas para que eu aceite firmar um compromisso. Como a mulher de um casamento arranjado, comprometo–me, apesar do que acontecerá no futuro, sem ter certeza do que está por vir. E felizmente o casamento arranjado funciona nos dois sentidos : o marido também firma compromisso, assim como Deus que me aceita não com base em meu desempenho, mas porque Ele tem um compromisso comigo.
Um comentário:
Amore, posso postar este no meu blog?
Linko você com todos os direitos...
Se possível vou colocar "in my profile" do orkut também.
Pode ser?
Beijometwitta.
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