
Tecnologia é linguagem.
Estes dias me perguntei se os mais velhos tem resistência a tecnologia ! Aí cheguei a conclusão que não. Lembro que já vi diversos velhinhos que estão adorando tudo isso, brincando, “se” jogando. E também não acho que eles sejam excluídos. Inclusive, acredito que os mais velhos se aproximam cada vez mais dos mais jovens quanto mais velhos eles ficam. Hoje em dia, em época de smalltalk, relacionamentos virtuais ( e tudo de real que isso possa trazer ) quem é que não vive uma vida tecnológica? Até os índios estão conectados. O uso de tecnologia digital é cotidiano. E não é de hoje. A própria Bossa Nova é um fenômeno áudio-visual. As evidências mais emocionantes que temos não são as capas de disco nem os copos de uísque. São as imagens e os sons. Como eu conto a história da Bossa Nova sem isso? Como é que eu faço um museu da língua viva, não da língua fechada e travada em um livro há 500 anos, mas da língua que está nas ruas, sem usar a televisão, um recurso fundamental com o qual as pessoas se alfabetizam hoje? São os recursos da nossa sociedade. Ir contra isso é de uma ingenuidade brutal. É como dizer que somos contra a água encanada. Estamos no século 21 e a tecnologia é linguagem do século 21.
Ok, você pode dizer “ tá mas e daí?” . Daí meu caro, que viver fora desse mundo é sim ser excluído do meio.
Andei pesquisando sobre o Museu da Língua Portuguesa ( nunca estive lá mas tenho interesse em conhecê-lo ) e descobri nele que tecnologia é linguagem. O mais importante do Museu da Língua Portuguesa não é a tecnologia, é a linguagem, o jeito como você conta uma história e faz com que as pessoas possam se identificar com o que vêem. Quem gosta de futebol, vai encontrar futebol lá. Quem gosta de música, encontra música. E a tecnologia é um suporte pras pessoas se identificarem com o que tem lá.
Tecnologia para kids, tecnologia para deficientes visuais, auditivos, tecnologia para Grooveria, tecnologia para namorar à distância, tecnologia para ficar mais bonita e dentro dos padrões da beleza, tecnologia para transformar um rosto bonito num fenômemo musical ( não sei onde entra o musical, mas tudo bem).
Tem tecnologia para quase tudo nesse mundo. Só não tem pra resolver conflitos interiores e te ensinar a lidar com perdas diárias . Mas até nisso a tecnologia pode dar um jeito de camuflar o conflito e a perda. Experimente substituir a namorada de ontem por uma “gostosona” da internet com quem você tecla e tem as piores fantasias. Funciona por um tempo.
A tecnologia ajuda, abusa, consome, substitui sensações e até gente. Nada de anormal até aí. Ela é tão presente que a gente nem nota mais. Quando as pessoas usam botões demais, interface demais, ou seja, põe a tecnologia no meio do caminho. Não se pode colocar a tecnologia entre você e o conteúdo. Tem que estar em baixo, em volta, nunca entre. O olhar, o toque e a presença física não podem ser substituídos. A tecnologia não pode se impor como interface mais forte do que o conteúdo. Ela tem que ser uma interface de aproximação e de facilitação.
Infelizmente ela tem sido o fim em si e não meio para alcançar.
Nada como deixar de vez em quando a tecnologia de lado e ir fazer algo que ela não substitui, aquele abraço apertado no colega que está na outra sala, mas que há dias você só conversa com ele pelo Messenger !
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